Impactos da Covid 19 nas grandes empresas brasileiras

RESULTADOS 1º TRIMESTRE DE 2020 (1T20)

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Em maio de 2020, o mercado financeiro aguardou ansiosamente o período chamado “safra de balanços”, quando as grandes S.A.´s publicam seus balanços do primeiro trimestre. De modo geral foram dois os fatores que mais impactaram os resultados destas empresas: isolamento social e a desvalorização cambial. Algumas perdas já foram efetivas no trimestre em questão, outras tratam-se de conservadorismo contábil. Vejamos os resultados divulgados:

logo-petrobrasPETROBRAS – Prejuízo de R$48,5 bilhões. A forte queda no preço do petróleo impactou as receitas e fez a companhia rever as estimativas de operações em águas rasas e profundas gerando perdas de R$65,3 bilhões em impairments. Além disso, as despesas operacionais cresceram 243% em relação ao último trimestre. O Ebitda ajustado foi de R$37,5 bilhões.
Logotipo ValeVALE – Lucro de R$984 milhões. O resultado veio abaixo da estimativa do mercado. A redução de volume por queda na demanda internacional foi parcialmente compensada pela desvalorização do Real, ajudando as exportações. Ebitda ajustado de US$3 bilhões.
logotipo-bradescoBRADESCO – Lucro de R$3,8 bilhões. O resultado veio abaixo das estimativas do mercado. Sofreu grande impacto de queda no segmento de seguros e da constituição de provisão para devedores duvidosos (PDD) no valor de R$6,7 bilhões, para se proteger do impacto da inadimplência resultante do cenário econômico adverso.
logotipo itauITAÚ – Lucro de R$3,9 bilhões. O resultado veio abaixo das estimativas do mercado fortemente influenciado pelo aumento no custo do crédito e por uma PDD de R$10,3 bilhões (a maior do setor) para cobrir potenciais perdas com devedores duvidosos.
Logotipo AzulAZUL – Prejuízo de R$6,1 bilhões com grande impacto da desvalorização do real (aumentando custos) e queda nas receitas (devido à paralização das atividades). Os fatores cambiais geraram perda de R$1,3 bilhões com hedge, além de perda cambial não-caixa de R$4,2 bilhões. Houve também perda de R$618 milhões pela redução ao valor justo da participação na TAP. O Ebitda ajustado foi de R$654,2 milhões.
logotipo golGOL – Prejuízo de R$2,2 bilhões resultante do câmbio desvalorizado e das políticas restritivas de distanciamento social que reduziram as operações. Houve forte aumento nas despesas financeiras motivado pela variação cambial, somando R$3,24 bilhões. O Ebitda ajustado atingiu R$1,4 bilhão.
logotipo embraerEMBRAER – Prejuízo de R$433,6 milhões com queda de vendas em razão da pandemia do novo coronavírus, além de reflexos do fracasso do acordo com a norte-americana Boeing. O Ebitda somou R$47,6 milhões, queda de 60% em relação a 1T19.
Logotipo SuzanoSUZANO – Prejuízo de R$13,4 bilhões. A desvalorização do real impactou a dívida em moeda estrangeira. As estratégias de hedge geraram perdas de R$9 bilhões na marcação a mercado de seus derivativos com a alta do dólar. O Ebitda ajustado atingiu R$3 bilhões ajudado por melhores preços nas exportações.
logotipo ambevAMBEV – Lucro de R$1,2 bilhão representando queda de 55% em relação a 1T19. A forte queda no lucro foi influenciada pelo isolamento social, o qual prejudicou faturamento e volume devido ao fechamento de bares e restaurantes. O Ebitda ajustado foi de R$4,23 bilhões.
Logo Magazine Luiza (Magalu)MAGAZINE LUIZA – Prejuízo de R$ 8 milhões. Apesar do fechamento das lojas físicas no final de março, o e-commerce (que equivale a metade das vendas da empresa) cresceu mais de 70% contribuindo para um Ebitda ajustado de R$332,6 milhões.
Logo B2WB2W – Prejuízo de R$ 108 milhões. O resultado da empresa foi fortemente impactado por altas despesas financeiras. O e-commerce gerou melhoras no capital de giro reduzindo o ciclo financeiro. Apresentou aumento de vendas em 17% e Ebitda ajustado de R$ 127,6 milhões.
Logo Lojas AmericanasLOJAS AMERICANAS – Prejuízo de R$49,2 milhões. Apesar do fechamento de lojas físicas no final de março, houve aumento no e-commerce e melhorias no capital de giro provenientes deste segmento. O Ebitda ajustado atingiu R$583 milhões.
Logo JBSJBS – Prejuízo de R$5,9 bilhões principalmente devido a impactos cambiais não-caixa de R$8,2 bilhões. O Ebitda ajustado foi de R$3,9 bilhões. Sua controlada Seara apresentou crescimento nos resultados fortemente favorecido pela exportação, ganhando com a desvalorização do câmbio.
Logo MarfrigMARFRIG – Prejuízo de R$137 milhões. A depreciação cambial valorizou as exportações para EUA e China contribuindo para um Ebitda ajustado de R$1,2 bilhão.
Logo CEMIGCEMIG – Prejuízo de R$57 milhões fortemente influenciado pela desvalorização do câmbio. A alta do dólar impactou a dívida em moeda estrangeira (eurobonds) e gerou perda de R$437 milhões com hedge. A participação da Light foi desvalorizada em R$609 milhões. O Ebitda ajustado foi R$1,36 bilhão.
Logo CopasaCOPASA – Lucro de R$160,8 milhões. As despesas financeiras mais que dobraram devido a, principalmente, valorização do dólar e do euro. A empresa tem uma dívida de R$389 milhões nas referidas moedas. O Ebitda ajustado atingiu R$474,9 bilhões.
Logo SabespSABESP – Prejuízo de R$657,9 milhões. Houve impacto de R$1,79 bilhão associado a desvalorização do real sobre o endividamento em moeda estrangeira, que totaliza metade das dívidas. Além disso, as provisões para inadimplência somaram R$157,5 milhões.